Quando as emoções comandam a fome

A forma como alimentamos e relacionamos com um determinado tipo de alimento revela parte da nossa vida afetiva.

Você consegue reconhecer quando realmente está com fome?

Fome é a sensação fisiológica pela qual o corpo percebe que necessita de alimento para manter suas atividades inerentes à vida. No entanto, para o ser humano, a comida tem um significado mais amplo, uma vez que o desejo de comer pode surgir mesmo na ausência das necessidades físicas. Assim, surgiu o conceito da fome psicológica, que expressa a vontade de comer em função do estado emocional.

A fome fisiológica, tende a vir de forma gradual e pode ser adiada, além de ser satisfeita com qualquer quantidade de comida. Uma vez saciado é provável que pare de comer e não sinta remorso. Já a fome psicológica ou emocional é sentida de forma súbita e urgente. Provoca desejos muito específicos, por exemplo, pizza ou chocolate, e geralmente leva o indivíduo a comer mais que o normal, acarretando um sentimento de culpa logo após a refeição.

Os sentimentos de medo, frustração, ansiedade, estresse e preocupação provocam a vontade de querer comer algo, mas sem ter clareza de qual alimento se deseja. Geralmente, as pessoas optam por alimentos mais calóricos, ricos em gorduras e carboidratos, os quais oferecem uma sensação de conforto e prazer. Porém este alívio é momentâneo e os sentimentos negativos permanecem. Assim, a fome emocional está associada ao descontrole alimentar.

Desse modo, indivíduos que se alimentam por emoção são propenso ao ganho de peso e excesso de gordura corporal, tendo como resultados o aparecimento de doenças metabólicas crônicas como a obesidade, hipertensão, dislipidemia, o diabetes, entre outros.

O primeiro passo para o tratamento é identificar cada tipo de fome. Para isso, a cada vez que quiser comer, a pessoa deve perguntar: “Estou com fome?” Essa pergunta a princípio pode parecer simples, porém para as pessoas compulsivas é muito difícil de responder, pois quando procuram comida não pensam na sensação de fome.

O nutricionista é um dos profissionais que podem auxiliar no tratamento, balanceando e fracionando a alimentação, isso ajuda o paciente a distinguir a fome fisiológica da emocional e ter um maior controle durante as refeições.

Um artifício que pode ser trabalhado na dieta é aumentar o consumo de alimentos ricos em fibras, já que estes, devido as suas propriedades de saciedade, alivia a vontade de comer. Os alimentos ricos em triptofano, folato, ômega-3, vitamina B6 e B12 também são recomendados, uma vez que estão relacionados na produção de neurotransmissores e evitam o mau humor.

Um outro ponto importante é orientar que o paciente faça alguma atividade física, dando preferência para aquela que lhe traga mais prazer. Os exercícios aumentam os níveis de neurotransmissores como a noradrenalina, serotonina e a dopamina, que produzem uma sensação de relaxamento e bem-estar, ajudando assim a controlar a fome emocional.

Contudo, para um tratamento eficaz é preciso que haja uma avaliação do estado emocional, assim é importante que o paciente seja acompanhado por uma equipe multiprofissional, tendo além do nutricionista um psicólogo. Afinal, é preciso cuidar do aspecto psicológico, sem o qual o trabalho do nutricionista poderá não surtir o efeito desejado.

Nutricionista Renata Gomide